quinta-feira, 3 de março de 2016

Escanometria dos membros inferiores - (Método de Farill)

RESUMO

A escanometria pelo "método de Farill" é exame rotineiro na maioria dos serviços radiológicos. Ela permanece, há mais de meio século, como um método amplamente utilizado para diagnóstico da diferença entre os membros inferiores e seu respectivo tratamento pelos especialistas de diversas áreas. Contudo, detalhes na técnica do exame e na avaliação das medidas costumam ser ignorados ou negligenciados, comprometendo o resultado final. Este trabalho tem por objetivo divulgar os detalhes preconizados pelo autor, restaurando a precisão do método, bem como discuti-lo em relação aos demais métodos.

Unitermos: Farill; Escanometria; Membros inferiores; Diferença.

INTRODUÇÃO

A maneira mais precisa de se avaliar a diferença entre os membros inferiores é por exames de imagem(1). O primeiro método de escanografia foi descrito por Merrill em 1942(2). Em 1953, o Dr. Juan Farill descreveu uma técnica prática para medir diferenças entre os comprimentos dos membros inferiores(3). O princípio em que este método se baseia é muito simples: na medida da diferença entre duas distâncias, a eliminação de iguais segmentos de cada uma não altera o resultado final. Sendo um método de fácil execução e que não exige nenhum equipamento específico, é realizado diariamente em qualquer serviço de radiologia geral. Porém, poucos especialistas tiveram a oportunidade de ler o artigo original do Dr. Juan Farill, e quase sempre aprenderam o método com alguém que também não o leu. Conseqüentemente, a forma de medir não é padronizada e resultados incorretos são obtidos, comprometendo o tratamento dos pacientes, o qual varia conforme o tipo e o grau da deformidade constatada(4). Este método, como os demais, tem limitações e está contra-indicado em alguns casos.

O objetivo deste trabalho é restaurar e divulgar a técnica de aferição preconizada pelo autor, bem como comparar sua eficiência com os demais métodos (escanografia com régua milimetrada, radiografia panorâmica e tomografia computadorizada).


ESCANOGRAFIA (TÉCNICA)

O paciente deitado em posição supina na mesa Potter-Bucky, coloca-se um pé junto ao outro, e seus maiores eixos formando um ângulo de aproximadamente 90° com a mesa (Figura 1); alinha-se o feixe central longitudinal do colimador, de maneira que ele passe exatamente entre os tornozelos e na sínfise púbica do indivíduo (Figura 2). O paciente deve permanecer imóvel até o término do exame. Utilizando-se duas placas de chumbo, divide-se o filme em três segmentos, que são radiografados separadamente: no primeiro, realiza-se a radiografia dos quadris; no segundo, a dos joelhos; e no terceiro, a dos tornozelos. O numerador, posicionado à direita do paciente, indica o lado. Entre as radiografias, apenas a gaveta pode ser movida. Em nenhuma hipótese o chassis pode ser removido da gaveta até o término das três exposições.







ESCANOMETRIA (MEDIDAS)

A primeira medida é feita na escanografia, entre o ponto mais alto da cabeça femoral e a projeção do centro da incisura intercondiliana, em uma linha que tangencia os côndilos femorais (Figura 5a). Procedimento idêntico é feito no membro contralateral (Figura 5a'); a diferença entre estas duas medidas representa o encurtamento femoral.




A segunda medida é a distância do mesmo ponto da linha entre os côndilos femorais, até o ponto mais baixo da superfície articular da tíbia, no tornozelo (Figura 5b). Repete-se esta medida no osso contralateral (Figura 5b'); a diferença entre estas duas medidas representa o encurtamento tibial.

A terceira medida é feita diretamente do ponto mais alto da cabeça femoral até o ponto mais baixo da superfície articular da tíbia (Figura 5c). Isto é repetido no membro oposto (Figura 5c'); a diferença entre estas duas medidas foi chamada, por Farill, de encurtamento funcional.

Finalmente, a quarta medida refere-se à altura do pé. Ela é feita do ponto mais baixo do tálus, na superfície articular tibiotársica, até a linha proporcionada pela lâmina de chumbo na face posterior da bancada de madeira (Figura 6d); repete-se esta aferição no pé contralateral (Figura 6d'). A diferença entre estas duas medidas equivale ao encurtamento do pé.




Fonte: www.scielo.br